"I feel it slip
slip away
why am I
why am I here?
so distant from
my old life
my heart feels so sad"
slip away
why am I
why am I here?
so distant from
my old life
my heart feels so sad"

A cabeça vai rebentar. Quero levar-me ao ponto de exaustão em que o cansaso me faz chorar. Doi-me a cabeça porra. Quase não durmo. Quase só oiço o senhor Molko o dia todo. Uns fodem a cabeça aos outros, eu fodo a minha. Eu estrago-me. Puta de adolescencia. Estou podre. Podre e cada vez mais obcecada com merdas que nem ao diabo lembra. Digo foda-se sempre que posso. Digo e escrevo. Mal educada não? Quando se está cansado não se pensa. Não penso. Choro. Eu quero mesmo dar cabo de mim. Atirar-me contra as paredes. Para o meio da estrado. Abaixo da ponte. Para o fundo do poço. Ironias. Já me sinto na estrada, debaixo da ponte, no fundo do poço. E ele ainda me canta que eu é que sou a verdade e não ele. Ele é que é a verdade. Ele é o perfeito. Ele sente e sabe. Foda-se. Eu podia amá-lo. Mas penso demais p'ra amar alguém. E aí só o senhor Pessoa tem razão. Ele sabe tudo também. Tudo e mais alguma coisa. É bonito ver que nunca vamos pertencer aqui. Nasci por nascer. Tanta gentinha a precisar de vida e eu aqui a desperdiçar. Sorte a minha. Que fico a desejar conheçer um monte de gente. Somos sempre tão diferetes. Porra e porra. Também somos iguais. Mas isso nunca chega. Da proxima que te olhar manda-me foder. Eu cansava-me se me olhassem assim como te olho, como te vejo. Se quiseres fala-me. Sábe-se lá, eu só preciso de alguém. Era provável que te pergunta-se uma merda do género, de forma ingénua, queres ser meu amigo? É que eu não sou ninguém. E ninguém é amigo de ninguém, por isso já sabes a tua resposta. É não, não é?
Eu pensava que sim. Achei que não. Convenci-me disso. Não e não. Afinal só pensava. Se sim ou se não não interessa. Já [me] queimei, já [me] cortei, já [me] perdi [no] tempo. Eu exigo demais. Eu prendo-me a pessoas especiais. E ás vezes tristes como eu. Eu fixo sempre e sempre alguém no meio da multidão. E depois fixo sempre essa mesma pessoa sem razão nenhuma. E quero falar-lhe. E nunca se sabe se me vão olhar daquela maneira como quem me diz "vai-te foder". Há gente assim. Eu não sou assim. Eu fico a olhar e a pensar no que eu e alguem podemos ser juntos. E digo-me que sou uma gaja paranoica e muito esquisita. Alguem pensa nisto? Assim? Olho a suplicar por uma palavra, um gesto. E quase pareço triste em frente a alguém. Quase. Mas nunca me deixo ser. E olhas-me e vais-me ver quase forte. Quase normal. E tu até vais achar que sim, que gostas-te de mim. Mas eu não. Eu vou continuar a não gostar de mim por não te mostrar quem sou. É nessas alturas que não devia pensar, imaginar sequer. Devia vomitar. Vomitar o coração e tudo o que resta de mim. Fico louca por continuar cá dentro a dizer que não presto. Cansam-me os monologos.
Que se fodam a injustiça, a dualidade de critérios, as preferências, o dinheiro, os conheçidos, a puta da escola e toda aquela gente. Igualdade? Isso é? Não é. Pra mim não é. Quando não se têm demasiados conheçidos ou lá a porra, é assim. E ninguém pede para ser excessão apenas para ser igual ao outros. E quando os outros são excessão nós também o deviamos ser porque isso seria ser igual. 


