sábado, junho 24, 2006

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Um dia gostava de saber começar um conversa sabes? Nem sabes como me sinto frustrada por não conseguir exprimir algo dos meus sentimentos. Torna-se dificil articular as palavras e alterna-las com os sentimentos numa conversa a sério em que não se fala de roupa, peso, novelas ou de um gajo qualquer. A fútilidade e o vazio torna-se cada vez maior nos seres. Detesto isso. É maçador e torna-se de tal forma irritante ouvir tanto discernimento. Mais ainda que a dor que me toma o espiríto. Dantes dizia aquele olá. E ficava á espera que alguém continuasse a conversa. Ou ficava num silencio desmedido à espera que fizessem o mesmo. Porque nunca soube o que dizer e acreditava e continuo a acreditar que no silêncio dir-te-ia mais do que palavras descompassadas. Saber ouvir. E saber susurrar uma coisa qualquer. Mas com sentido. E poder dizer-te que lamento um segundo que perdi ontem. E que somados aos tantos outros são meses perdidos. Sei que não vou poder repetir esses dias. E sei que amanha torno a fazer o mesmo. E fico a pensar no dia de hoje. No dia que perdi ontem. Passo algum tempo a escrever. A tentar descodificar uma desalmada consumida pela dor, solidão e uma agonia que não lhe cabe mais. A perceber que quem me rodeia talvez tenha medo de descobrir que afinal eu não sou tão normal. Que não passo de uma miúda tão cheia de dor e sem perspectivas para o futuro. Que não passo de uma nada que acorda todos os dias de uma overdose que já nem tenta curar. Limito-me a ser e a escrever o que sou.

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