terça-feira, julho 13, 2010

Com os olhos



Talvez um dia. Talvez um dia alcancemos essa voz, já sem o peso da luz sobre os ombros. Os olhos chegarão então ao fim da sua tarefa; os olhos, instrumentos felizes da realidade mais real. Porque ver sempre foi tocar. Tocar uma a uma cada coisa com os olhos, antes da mão se aproximar para recolher os últimos brilhos de setembro. Vede como se afasta com fulva lentidão de tigre.

(Eugénio de Andrade, Poesia)

segunda-feira, julho 12, 2010

Caem os sonhos um a um
e o sangue estremece.
Caem, e ficam no chão
de quem os morde e os esquece.


(Eugénio de Andrade, Poesia)