terça-feira, maio 04, 2010

(...)

Alguém devia tocar-me para sentir que estou vivo,
que sou
uma estaca atravessada pelo sangue, e dela rebentam
por exemplo: áscuas. Isto é uma fábrica de demência:
palavras
onde se manobra a púrpura, onde
o aroma que mata ascende de jardins construídos
levemente
na escuridão. E uma imagem fecha
tudo o que se fecha: quartos,
dias sobre si mesmos, as frutas redondas por força
da doçura interna. Quando as vozes
ferozes se desengolfam, a terra
move-se como um músculo encharcado entre a boca
e o coração que não dorme
nunca. - E todas as minhas vísceras são
inocentes.

( Herberto Helder, Photomaton & Vox)

Excerto de uma insónia ou o tumulto da dor.


sábado, maio 01, 2010



A morte, o grito, a música. Tudo estremece cá dentro.

Fumo.