domingo, novembro 04, 2007

Tales Of Mere Existence "I'm Not Going To Think About Her"



Raios que isto é estranho. e ainda há mais. seja como for. eu gosto.

sábado, outubro 27, 2007

domingo, outubro 14, 2007

o fim do protagonismo alheio.
o olhar profundo, que escorrega, aberto, de alguém.
o fresco. o pesado. o simples.
e os cheiros de tudo.
o melhor de tudo intensificado.
as sensações.
e um ponto além da existência.
mais do que o estranho das ruas estreitas.
e do confronto dúvidoso com tudo.
um eco mental avassalador.
o encontro.
o desligar da estranheza por falta de reconheçimento.
um espelho. uma verdade.
o precipicio imperceptivél do existêncialismo incontrolável
num riso demente transposto
aonde a voz se ergue. e exalta.
gritando o melhor do meu ser
livre de pretenções e do cansasso desmedido
no fim do abismo. antes da queda.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Dá-me um chocolate ou um percurso alternativo, não os acompanhes com rótulos, garante-te de que dizem apenas indolor.
dás-me isso. e um café. ou uma cevada. ou um chá.
sem açucar e a amarelo e preto como em todos os percursos alternativos.e uma maçã com uma fita vermelha que me lembre para ficar no local da fuga.
tenho um dia marcado. vou fugir para dentro de mim.
eu não sou esse percurso alternativo. esse lugar indolor.
se fosse fugiamos para dentro de mim. sem fitas nem maçãs verdes.
e eramos indolores. eramos o melhor de mim e de nós.
com sorrisos de fazer inveja ao meu umbigo.
eramos o começo de tudo no fim de nada.
sem uma lembrança eu ia valer apena.
eu em mim dentro de mim.
fugi-te aos pedaços. tão pequenos que passaram despercebidos.
sou uma cega egoista amarrada às palavras desasustadas.
vivo pelo medo na outra margem de mim.
todos os calculos matemáticos. toda a perfeição desconhecida.
todo o descontentamento pela falta de pior loucura que esta.
não mereço mais de mim?
não posso ficar nesse percurso alternativo a viver, a fazer de conta que desta vez faço sentido e que afinal já não sou só uma coisa rasgada, intragável e gasta pelo tempo.
depois disso, tudo há-de pesar menos que as palavras e hei-de valer apena em mim, dentro de mim.

terça-feira, junho 26, 2007

Lembras?

Lembras-te de quando de quando o tempo não sobrava e corrias atrás de alguém. de quando a curiosidade e o fascinio pareciam tão demasiados para uma pessoa só. lembras-te das mãos e dos beijos que davas, da vida que levavas, dos sonhos que tinhas, do tanto que fazias. lembras-te de quando o piano não era para ti e tu o sentias de qualquer maneira independentemente da idade que tinhas. lembras-te do tudo que querias, do pouco que sabias e da alguma coisa que conseguiste. lembras-te da incapacidade que te prendia a um desejo vasto de tudo querer, de tudo saber e de às vezes nada conseguir. lembras-te de sorrir e do olhar triste de perda de coisa nenhuma. lembras-te do vazio e da tristeza. lembras-te das conversas imparáveis que tinhas. das viajens inacabádas e da saudade. lembras?



domingo, maio 20, 2007

Consciência inconsciente. e auto-conhecimentos distorcidos. e riscos pretos desalinhados no espelho. e o rosto pálido. e uma dor na alma. e um sentimento de vazio por estar vazio. ser o que não sou. não poder ser isso. não estar ali para ninguém sem estar para ti. não sou uma menina bonita, não tenho vestidos bonitos, nem cabelos bonitos, nem olhos bonitos, nem nada de bonito. nem nada para te dar.tu és bonito. puxa. penso tanto nisso. nisso e em ti. não vou caber dentro do teu mundo. nunca, nunca. meninos bonitos estão com meninas bonitas. e não com meninas desleixadas como eu. nem roupa bonita eu tenho. não gosto da minha jaula por isso qualquer coisa lhe serve. não fico bem em mim, nas coisas que gosto, nas coisas que vejo. tudo me diz que não sou daqui. que devia ir-me embora. e eu vou embora. ir uma vez embora chega, das outras vezes, tu sabes, das outras vezes tu já não vais. a felicidade é uma treta, mesmo depois disto tudo, eu sonho tanto, eu quero tanto, e olha pra mim, só penso em querer sorrir e querer ser feliz e depois, depois sei tanto da verdade que deixo cair tudo. nunca chego a ter nada. nem cartas de amor, nem pessoas com amor. o amor e a felicidade são os dois do mesmo. uma treta. insistimos em crer neles. e diga-se. são lamexas e torno a repetir. uma treta. o melhor do meu mundo, é a minha lua e o meu gato. a lua baixa e o gato deitado na cama de barriga para o ar a sonhar. nem todos temos isto, bem, ninguém tem o meu gato, todos temos a mesma lua, nem todos a vemos, nem todos temos uma lua e um gato branco. e música bonita. e música que doi. e quartos forrados de cor. e de dor também. ou telhados proibidos. e um deus acima de nós. e nós acima do deus a voar. e nós com o deus no telhado. e nós na relva e as flores, as tulipas, as rosas, as papoilas e os lirios da mãe. e a primavera. e o outono e o inverno. e as palavras bonitas, nos poemas, nos textos, no ar. e frases vazias com sentido. e textos compridos sem sentido. e saidas de emergencia, e andares descalços. e meias coloridas. e pés de fada. e unhas cor de vinho. e casacos lilás. e meninas a rir a chorar. e lã. e coisas macias. e os vestidos bonitos. e as fotografias mágicas. e fadas. e harpas. e vozes bonitas. e chás. e cafés. e chocolates quentes. e rebuçados. e nomes. e números. e preto. e branco. e preto e branco. e sonhos. e borboletas. e libelinhas. e bolachas. e filmes e quadros. e silêncio.

quinta-feira, abril 12, 2007

sábado, fevereiro 10, 2007

boa noite marta. começava assim o dia. cheio de apatia e era só mais um ser automático ou automatizado, como lhe queiram chamar. os dias começam e acabam sem sentido. ao contrário do que é normal a loucura é que chega repentinamente e quase nunca dura tempo suficiente para saber de mim.
"eu sou forte" repito. "eu não me arrependo de nada só do que não fiz". porra marta. mas que merda mais ridicula. felizmente deixaste-te disso. as palavras estão cansadas. e repetidas. apeteçe-me matar isto. ontem ou lá quando foi apetecia-te dançar e ele nem veio para te fazer companhia. nem para te ver. os medos levam-te a pensar que nunca mais te quer ver. toda a vida viveste amedrontada pelo abandono. e foi isso que tiveste sempre. a casa dos teus pais tornou-se uma espécie de labirinto e só sabes o caminho do teu quarto. és uma cabra pra eles. mas eles também queriam sempre mais e mais. queriam que fosses a melhor e agora és o contrário disso. não te preocupas mais com a desilusão que és. a tua figura está uma lástima, isto para não dizer um nojo. Secalhar achaste que escresveres aqui ia adiantar de algo. ou que alguém te vinha buscar ao quarto e levar-te arrastada para o mundo e obrigar-te a viver. mas não é nada assim. pois não? achas que podes ser essas coisa pequena que pensa com o coração? achas? podes sê-lo aí no teu quarto ou na banheira onde choras. mas não podes viver numa merda de desespero apático, nem falares pra ti como estás a fazer. já nem te lembras como vieste aqui parar.nem queres voltar a ser o que eras, só queres ter o que tinhas. doeu tudo porque tinha de doer. falas sempre na perfeição e nas palavras. mas não vales nada nisso. penduras-te numa música e choras o dia todo se for preciso. porra. isso não é vida. nem estes monólogos servem de alguma coisa. ele arranhou-te o mais que pôde. mas isso passou. e tu ficas-te nessa dor e não te resta mais nada. não tens amigos. não tens nada de novo para contar. merda marta. porquê que não lutas mais?

merda de monólogo. não me apeteçe mais isto. sem coerência. enfim. fodeu-se. ou não sei.
boa noite.

sábado, janeiro 27, 2007

A coisinha pequena que pensa com o coração foi-se embora.

sempre podia arranjar uma maneira catita de terminar com isto. sem chegar aqui e escrever apenas "acabou". acabaram-se as palavras. a marta já não sabe mais sentir. ou deixou de perceber o que sente. por quem sente. ou se quer sentir. a vida pesa e doi e passa e o tempo ficou sempre pra trás. arrastei-me. e cansei-me. e morri e nasci. e desnasci. coube raiva. e dor. e cansaço aqui. eu própria me desinteressei por isto. até porque as palavras aqui nunca sorriram. e os amigos falados foram sempre os de ontem....talvez quando deixar de ser esta incógnita volte e aí tenha aprendido a ser mais do que uma espectadora da vida. talvez. um dia. com menos dor isto recomeçe. e acabou-se. e isto é só um blog. podia ter uma dúzia deles com mais palavras desinteressantes que estas, mas este é este, e durou o tempo que durou, nunca nada meu se prolongou o tempo suficiente e isto durou tempo a mais sem ninguém deste lado a sentir ou a ter mais cor. e sem cor não há nada. há o vazio. e por mais que escreva o vazio ele vai continuar lá.
e sem nada para dizer. despeço-me. e dou por terminado este blog.


/Anathema-flying
"-Podias fazer o favor de me dizer para onde devo ir a partir de agora?

-Isso depende muito de para onde é que queres ir. – disse o Gato.

-Não me importa muito onde... – respondeu Alice.

-Então também não importa para onde vás – disse o Gato.

... desde que chegue a algum lado. – explicou Alice.”




/Tom Waits - Alice

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Os olhos morreram e agora já não te vejo amor. nem sei a tua cor. nem sei o teu lugar. nunca mais te vou sentir. nunca mais me vais doer. eu prometi-me. nunca mais ia doer aqui nada. nunca mais ninguém ia arder. eu nunca mais me perdia assim. devia ter ficado com o azul dos dias em mim. e recordar-te sempre para sempre. e tu vais-te daqui porque já não há cor e os olhos são cegos. isso seca-me o coração. hoje ele é oco. e faz-me doer por dentro e faz-me gritar e arranhar por fora. não sei mais de ti. e era melhor ter-te aqui a passar em filme à noite e ver tudo aquilo que não chegamos a fazer tornar-se quase verdade. acordar é dor. tira-nos a vida de dentro. e é tudo confuso. e derrepente tudo é solidão. as mãos erguem-se no vazio à procura de vida. e só há paredes. paredes para levarem tudo. para arranhar. e o barulho são as plantas e os moveis que o fazem. e o choro e o desespero voltam com medo. e tu vais. afinal tu vais sempre embora sem lembrar a morte. e eles acordam de novo e enchem-me o vazio. o meu vazio desesperado e assustado.


Rodrigo Leão - Uma História Simples

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Mãe, eu quero ficar sozinho.
Mãe, não quero pensar mais.
Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem sequer ter que
me ir embora.
Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim.
Outro maldito que não sou senão este tempo que decorre
entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo,
de quê mãe?
Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver
razão para tanto sofrimento.
E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos
partir, para regressar?
Partir e aí nessa viagem ressuscitar da morte ás
arrecuas que me deste.
Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os
olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra,
mar, mãe...
Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar
nota a nota o canto das sereias... Lembrar cada
lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir
aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para
ficar...

Linda Martini - Partir para ficar

terça-feira, janeiro 02, 2007

Provavelmente a minha estúpida vida vai continuar a mesma coisa, não interessa o facto de se ser infeliz ou ingrato. somos sempre demasiado jovens para nos aperceber-mos do que temos. para dar o devido valor às pessoas. para darmos valor à vida por mais estúpida que seja. tenho 18 anos. e como a maioria das pessoas dizem isto há-de passar. ou talvez não e apenas o corpo cresça mais e se aprendam meia duzia de tretas que faremos delas lições de vida. vou sempre generalizar a minha situação pra me confortar pensando que isso é o melhor. que há quem seja como eu. grande ideia a minha. que conforto há em saber que há quem assim seja? que se sinta infeliz. não gosto de me dizer infeliz ou de me sentir. infeliz é alguém que perde alguém, infelizes são os que vivem em situações de pobreza extrema. e eu. eu nem infeliz me posso dizer. tenho tudo o que um ser normal pode desejar. tenho uma familia. uma casa. tenho tanto e tão pouco. eu já não sinto. já não convivo com as pessoas. eu fiquei parada entre o ser feliz e infeliz. e ninguém arranjou uma descrição para o meio termo em que me encontro. talvez fosse estabilidade. estabilidade quê? racional? mental? não. não me pareçe que me sinta estável em qualquer ponto da minha vida. olhando-me não consigo ver a normalidade do meu ser. não consigo contemplar nada em mim. não me consigo respeitar. nem respeitar mais ninguém. a familia tornou-se distante. eles acham que isto é uma fase e agora tendem a ignorar o facto de eu nunca sair de casa. ainda me julgam feliz. bastante inocente e bastante normal. lá no fundo acham que tenho mesmo amigos na escola ou em algum lado. nunca recebi uma pergunta por parte deles em quererem saber se sou feliz. acham sempre que tenho um namoradinho escondido algures e que faço como todas as raparigas da minha idade tudo. e se lhes dissesse o que não sou? quanto lhes ia pesar isso? e se soubessem quantas vezes choro por estar sózinha? não sei até que ponto mudariam as coisas. até que ponto melhorariam. até que ponto me iam achar louca e me internariam num manicômio. os loucos já não se apercebem mais da sua situação penso eu. não estão cientes do que sentem, nem agem de forma normal. talvez. ou talvez não. nunca vou poder saber. e se também se sentissem abandonados? e se tivesse alguém para desabafar. como é ter alguém a quem contar isto? e poder chorar. chorar até não doer mais. em quê que me tornei? que familia desfeita é esta. o ano começa e vai-se dormir. já não se festeja mais nada. a vida já não se deseja. os sonhos já não precisam ser pedidos. isto é vazio. e não há ninguém aqui. ninguém a ler isto. não faço pedidos estúpidos porque ao acaso sonho com alguém que vejo constantemente. sei-lhe o nome. e que saberá ele de mim? nada. nada é suficiente para alguém como eu .
Quem é mais frágil afinal,quem se quebra primeiro, no momento em que sentimos e sabemos de tudo o que nos rodeia. se calhar nunca vou perceber o porquê de termos abafado o som dos nossos risos e por isso continuo e o tempo ultrapassa-me, e depois morro e nasço e morro outravez sem me dar conta disso. os risos abafados são felicidade escondida não são? porquê que insistimos em esconder a felicidade? porque temos de ser tão frios. porque nos temos de habituar à frieza, à distancia. porque nos familiarizamos tanto assim com isso se afinal temos tanto medo depois. porquê?