terça-feira, novembro 21, 2006

Eu

Está sempre nevoeiro ou chove. Eu gosto. Não tenho de arranjar desculpas para estar em casa. Posso andar à chuva de capuz na cabeça. Encharcar-me até que me doa os ossos. E ficar com os pés como grandes pedras de gelo. Ando o ano todo de sapatilhas. Por mais que tenha tempo chego atrasada a todo lado. Ainda não descobri porquê, mas é defacto uma coisa que gosto de fazer. Ando depressa. Como se estivesse atrasada. Ainda não descobri se é para me enganar a mim ou aos outros. Não tenho ninguém à espera, nem vou a nenhum lado, mas os meus passos são rápidos e a minha expressão é a de alguém com pressa. Quando não ando "a correr" fico sentada a um canto a observar as pessoas, os movimentos, a maneira como falam. Tudo. Ou então pego no caderno e escrevo ou desenho qualquer coisa. Quando estou em casa faço o mesmo, escrevo e pinto. Penduro os meus quadros na parede e faço colagens. Fico horas a ouvir música ou a pesquisar sobre tudo. Quando é dia de lua cheia gosto de acordar cedo, muito cedo. São 05:30 e a lua está grande. Está baixa e pareçe que vai sempre crescer mais. Gosto da noite. ......Não gosto das aulas de português, porque damos Pessoa e os seus heterónimos, a gramática chateia-me. E falamos só na dor de pensar. Estou em plena aula a pensar e a querer escrever ou a querer chorar, pelo simples facto de me fazerem lembrar de tudo aqueles poemas. Sou má aluna a português porque não sei nada de gramática. Não estudo muito e mesmo assim consigo ter melhores notas que uma grande parte. Digo sempre que não mereço o que tenho porque sei que é verdade. Ultimamente saltamos no trampolim, é tão bom como andar de baloiço. Sinto-me livre e leve. Sou fútil e inútil sempre que penso em anórexia. Não incentivo ninguém e julgo toda gente que critica. Ando a tentar ficar longe dessa minha realidade que é a minha mente anorexica, a loucura que é pensar em calorias e quantidades de comida. Ás vezes acho que ando a tentar curar-me. Sempre que me ouviram falar em anórexia disseram que me mandavam para um psicólogo. Sim. os psicologos agora são os salvadores dos fracos e oprimidos. o ultimo que consultei foi para descobrir a area que devia seguir. Não fui para artes, nem para humanidades. Entrei em Economia. Perdi um ano e só depois fui para humanidades. Além do ano perdido, perdi os amigos. Descobri palavras e gente especial. Coisa que mais outro ano não tarda-se a roubar-me. Sou a miuda das andanças. Conheço muita gente e não sou amiga de ninguém. Sou a tipica pessoa dispensável. Sou orgulhosa. E também sou a coisinha mais introvertida que pode existir. A minha auto-estima está no chão e eu em cima dela. Provávelmente a imagem que tenho de mim não é a mesma que a vossa. Acho-me sempre inferior. e critico tudo aquilo de que as "massas" são adeptas. Sou uma desencaixada. E desocupada também. há quem diga que tenho de crescer e arranjar amigos. Apeteçe-me rir quando penso nisso. Não é coisa que não queira é mais coisa que não me sinta capaz de fazer. Pareço um bixinho. Ou o monstrinho. Não se aproximem ou mordo. Porque não gosto, mas afasto-me de toda gente. Eu sou a miuda viajante dos pensamentos, o que faz de mim distante.......

1 comentário:

OLHAR VAGABUNDO disse...

falas de ti e de como te sentes,por isso só te posso dizer para continuares a viajar...
um beijo vagabundo...