sexta-feira, outubro 20, 2006

Nunca cheguei a dizer que te amava porque não, não te amo. nunca mais te encontrei num sorriso. e tudo o que escrevi fosse pelo que fosse era para me lembrar de ti, de que um dia te gostei e não te amei. mas precisei de tanto tempo. de tanto silêncio nas palavras. de tantos pianos cá dentro a chorar e a fazer do meu quarto o meu barco no meu mar que pensava ser nosso. precisei de tanto tempo. de tanto silêncio. ainda preciso. mas hoje sei. caminho para o dia em que nasci com vontade partir. descançar no mar ou no céu. ou lá pra onde se vai. e sinto que não posso ir. que tenho de parar de gritar. de cair. de me erguer e viver. mas hoje também sei que já não sei nada disso. achei que sabia demasiado em determinado momento. apaguei tudo o que as palavras me diziam. achei que elas se calavam e quando isso aconteceu eu parei de gritar e sentias espetarem-se na pele e entranharem-se em mim e ficarem em todas as cicatrizes que já eram tuas e se tornaram mais tuas sem tu as mereçeres.

A Marta só queria ir embora daqui. e isso devia ser tão fácil. mas doi sempre tanto. só de pensar. só de tentar. às vezes a Marta acha que quer isso. às vezes a Marta acha que não quer isso. às vezes a Marta acha tanta coisa. e outras vezes devia fazer o que faz sempre. amuar e ficar num canto a pensar. a chorar. a Marta às vezes tem pena dela. e acha isso triste demais que acha que nem o devia dizer.

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