terça-feira, outubro 10, 2006

Partida

Ardem-me cá dentro todas essas palavras desmerecidas que são agora deles. E somos assim. E passamos o tempo todo a queimar tudo o que temos e a perguntar porquê nós? Temos frio, muito frio. Temos fendas, muitas fendas. Não sabiamos. E tinhamos cá dentro palavras que nos ardem, que nos queimam. Que se perdem. E eles vão. Dizem sempre que vão viver. Que se vão juntar à multidão. E desse lado nos observam naquilo que eram. Sempre postos num canto, de livre vontade, como livros empilhados esqueçidos. Sublinhados no pior que temos. Esqueçidos no que melhor tinhamos. Cabisbaixos. Melancólicos. Mas com estrelas que nos entram pelos olhos a dentro e nos fazem brilhar por dentro. Mas eles nunca querem ver. Eles não gostam de estrelas. E às vezes sabemos que não vivemos mas vivemos. E que às vezes temos de ir viver. Porque fazemos parte do mundo. Que nos ignora e magoa. Mas fazemos parte dele. E um dia somos fracos. Mas fracos no meio da multidão. E levamos estrelas connosco. E ainda sabemos quem as tem. E quem somos. E aqui no canto já não gritamos porque o nosso amor morreu.

2 comentários:

Anónimo disse...

Não me conheces, sou de lx, vim parar ao teu blog por 1 acaso.. tou no trabalho e a viajar por entre blogs deparei-me com o teu.. e chorei. Porque senti em tempos essa mistura de coisas, essa adrenalina mental que se traduz numa inércia de actos positivos..
Hoje sou diferente, aliás estou diferente e um dia também tu estarás..
Isso não dura sempre, mas quanto mais quiseres essa dor que te conforta mais ela permanece..

Felicidades!

Anónimo disse...

Espero um dia mudar tal como tu mudas-te. E no fim ser feliz. Sorrir. E saber viver. No meu inconsciente acho que desejo isso sempre, todos os dias, mesmo quando me vejo a morrer nas horas dos dias. E quanto à dor talvez tenhas razão, talvez me conforte, apesar de achar que já me conformei demasiado para lutar contra ela.
Bem é isso.
Obrigada pelo teu comentário. e igualmente felicidades.