quinta-feira, setembro 21, 2006

Dor


Dor. Prolongou-se. Ainda a sinto.Ainda te sinto. Aqui. Cravado na minha pele enfraquecida. Foi assim desde o momento em que me suicidei em ti. Permiti-me a isso. Nunca soube bem quando começou ou quando acaba mais. Chamo-te dor todas as vezes que te lembro. É tão sem sentido. Devias ser amor. Amor que não foi amor. Hoje consegues doer menos. Fazias-me falta. Ontem. Hoje também. Mas ontem precisava-te mais. Precisava de me sentir confortada. Estava sózinha numa sala de espera no hóspital. Angústiada. Tive medo. Tanto medo. Todo o meu futuro me passava diferente na mente. Diferente daquilo que sempre foi planeado. Era um passado a tornar-se futuro. Como se fosse tudo tornar-se a repetir. Só que desta vez não tinha um pai doente. Tinha também a mãe. ficava eu. só eu. Pra tomar conta dos dois. Senti-me terrivelmente só. E tudo o que tinha ontem aí eram olhares pesados sobre mim. Nunca me imaginei tão desamparada. Só precisava de um abraço. De não sentir tanto medo. Não quero tornar a [re]viver tudo de novo. e sentir-me tão miserável que precise de um maldito abraço teu. Foda-se. Afinal tu és só dor. Lamento não teres sido mais do que isso. Lamento que apenas caibas nessa palavra minuscula de nome dor. Lamento-te assim como lamento a minha existência tantas e tantas vezes.

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