domingo, abril 04, 2010

Agora estás arrumado, calcinado e em branco.
surges entre as palavras, coagulado, empoeirado.
és abstrato e mecanico e absoluto.
surges no fim com a solidão tóxica e com a dor petrificada no peito.
explodes com o barulho demolidor das luzes.
não podias ser tão intermédio, nem devias ser absolutamente nada.
agora bates na pele, infiltras a absoluta perdição no sangue.
perturba-me ver-te mudar de cor, ver-te atravessado no meio da casa.
no fim, isto é, no fim do mundo, quando ele chegar,
estarás por cá, enrraizado,
a reluzir a tua cor branca ou amarela, quimico e puro na memória.
eléctrico nas mãos e no ruido.
puro, nesta casa solidão da cidade nocturna.
a tua máquina tem um botão oculto,
a tua máquina está ao abandono.
a tua máquina está morta.
as tuas veias já não brilham em tons de metal.
a tua máquina vai ser demolida, vai criar raizes e ferir a memória.
és um ser soberbo,
és o ser absoluto e masculino.
extingues-te.
a tua falta tritura-me os dedos,
cobre-me as mãos com sangue cor de tangerina.
aperto tanto quanto posso o deslumbramento da tua morte,
és sangue de poeta,
frágil na alucinação.
decompõem-se os designios cósmicos inconclusivos
e a dor de te pensar em absoluto e concreto.
acabas por fim.
 
 
p.s.: deus é cinemático, fala sânscrito e é megalomano.

Sem comentários: