domingo, abril 17, 2005

Caminhando lentamente


Avança lentamente
Com receio
Sentir-se-ia o arranhar da areia?
Sentir-se-ia o cristalizar do mar?
Caminha lentamente
Deixando o seu rastro
No arranhar da areia
Sente saudade do futuro
Espera o passado
Desvia o olhar
E sem querer
Depara-se com o relógio
Os ponteiros exibiam-se
Estavam trocados
Evitava-o
Desviava o olhar
Via
O sol
Era negro
Congelava o seu olhar
O vento frio
Derretia o mar quente
Gotas
De vento
Caindo lentamente
Podiam ver-se
Podiam sentir-se
Eram transparentes
Era agradável senti-las
Algo tinha alterado
Tudo tão diferente
Sentia o mundo tão perfeito
Mas eu...
Continuava igual
Envolvida de forma estranha
Num mundo
Tão semelhante
Tão distinto
Eu
Uma só personagem
Onde existiam tantas outras
Outras que não conheçia
Mas imaginava
Via-as
Não as observava
Comtemplava-as
De olhos abertos
Perfurava-as
Personagens imaginarias
Podia senti-las
Elas sentiam-me
Mas mesmo assim
Não conseguia puxa-las
Conversava-mos
Sem tema
Sem conversa
Observava-mos
Via-mos o nada
Escondia-se
Tentava-mos calar o silêncio
Decifrava-mos o nada
Caminhava em bosques
Na areia
Via as gotas de vento
Derreter o mar
Um passaro irrompia
Oculto
E eu
Caminhando lentamente
Descobria este mundo tão puro
Tão incompleto
Que achava perfeito.
*

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