domingo, setembro 05, 2010



Acordo com o meu gato sobre a cabeça. acordo e é, finalmente, domingo. tomo um café para me recompor e tento manter essa paz que trazia do sono. saio e caminho ao som da Doing The Unstuck e penso que acordar deveria ser sempre assim. penso na tua poeticidade e no crime de te inventar em palavras inexistentes. ignoro esse pensamento, a irredutibilidade de te fazer só em palavras e me impor limites à descoberta. penso novamente na manhã, observo a paisagem, e como quase todos os dias, descubro um elemento novo. sorrio.

surge-me ao pensamento uma quantidade imensa de acordares. acordar seria ver um dos meus amigos tomar o seu chá e ler um dos seus livros pela manhã. acordar seria sentir o cheiro a compota no ar e ver outro dos meus amigos tão atencioso como sempre. acordar seria tê-la preocupada connosco. ou então tê-lo à nossa espera. e é quando concluo que isso me faz conhecer as pessoas. o acordar. acordar com elas. e surge-me a pergunta inevitavelmente "por que não convidamos nós ninguém para o pequeno almoço?" fazia sentido convidar as pessoas importantes para o começo do dia, quando ainda temos paz. sim, fazia. sorrio de novo.
não te sei ao acordar. imagino. imagino com a magia e com as estrelas sobre os olhos.
e é então que regresso a casa ainda a ouvir The Cure, transpiro poesia e paz. começo a ler Rilke e também eu me obrigo a sentar após ler sobre o jovem estrangeiro Brigge, mas ao contrário dele, as palavras nunca serão o meu fim. é simplesmente Domingo. um dos bons. daqueles que faz sentido. daqueles que ainda estão pela manhã, daqueles em que os amores se prolongam pelo dia e em que pensar não custa. 







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