domingo, novembro 14, 2010

Os amores

(Mário Cesariny)



(...)
E há palavras e nocturnas palavras gemidos 
Palavras que nos sobem ilegíveis à boca 
Palavras diamantes palavras nunca escritas 
Palavras impossíveis de escrever 
Por não termos connosco cordas de violinos 
Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar 
E os braços dos amantes escrevem muito alto 
Muito além da azul onde oxidados morrem 
Palavras maternais só sombra só soluço 
Só espasmos só amor só solidão desfeita 

Entre nós e as palavras, os emparedados 
E entre nós e as palavras, o nosso dever falar.

(Mário Cesariny, You Are Welcome To Elsinore)

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